Representantes dos
Trabalhadores permanecem firmes em defesa dos vigilantes
Mesmo com a insistência dos patrões de
restringir os direitos dos vigilantes e as constantes tentativas de adiar o
debate, a bancada dos trabalhadores conseguiu arrancar importantes avanços na
reunião do Grupo Tripartite de Trabalho (GTT) para formulação do texto da Norma
Regulamentadora (NR) nº16, que trata do adicional de risco de
vida/periculosidade. Os empresários já concordaram que não deve haver distinção
entre vigilantes armados e desarmados e retiraram a proposta indecente da
necessidade de perícia.
Apesar de a reunião, realizada no
Ministério do Trabalho e Emprego, ter sido interrompida antes do horário
previsto devido à tensão, os representantes dos trabalhadores não mostraram
interesse em abrir mão de defender os interesses da categoria de vigilantes de
todo o país. Como resultado, os patrões já cederam em pontos importantes, mas
insistem em tentar roubar os trabalhadores com o parcelamento do valor restante
para completar os 30% naqueles lugares que ainda não possuem o pagamento
integral.
Além disso, querem que o pagamento seja
realizado a partir de janeiro de 2014 com a garantia de que os trabalhadores
não receberão reajuste, ou seja, para que os vigilantes recebam os 30% de forma
integral não haverá reajuste nem equivalente à inflação do período. A bancada
dos trabalhadores repudiou imediatamente a proposta e afirmou que aceita apenas
as propostas que garantem pagamento para armados e desarmados e a exclusão da
perícia.
“É inadmissível roubar os
trabalhadores. O que os empresários estão querendo é cruel e representa uma
afronta não só à categoria, mas a cada vigilante como ser humano. Não
aceitaremos isso de forma alguma. Nossa contraproposta é de pagamento
retroativo a dezembro de 2012, data em que a presidente Dilma Rousseff
sancionou a lei”, defendeu José Boaventura, presidente da CNTV.
Para tentar ganhar ainda mais tempo os
patrões, liderados pelo presidente da Federação Nacional das Empresas de
Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), Odair Conceição, e apoiados pelos
representantes da Febraban, tentaram desviar o foco da reunião e discutir
questões impróprias, como o trabalho do menor aprendiz e a
responsabilidade subjetiva das empresas.
“A bancada patronal revela que veio
para ganhar tempo jogando com os prazos máximos para os trabalhadores, em vez
de agilizar as discussões, respeitar e valorizar os trabalhadores”, afirmou
Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do
Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Essa foi a terceira reunião do GTT e o
texto já está praticamente acordado, com exceção do pagamento. Segundo Adriano
Linhares, presidente do Sindicato dos Vigilantes de Petrópolis e integrante da
bancada dos trabalhadores, os patrões estão sendo hipócritas “uma vez que a
Fenavist, à época da consulta, apresentou proposta de pagamento imediato”.
Bancos falham na
segurança e não valorizam trabalhador
Quatro grandes bancos (Banco do Brasil,
Itaú, Bradesco e Santander) apresentaram lucros no primeiro semestre que,
somados, chegam a R$26 bilhões no primeiro semestre. Segundo o especialista em Políticas Públicas
e Gestão Governamental e doutor em Economia pela Universidade de Paris, Paulo
Kliass, esses valores representam R$211 milhões para cada dia útil, ou ainda
aproximadamente R$27 milhões por hora.
Apesar disso, a Febraban insiste em
querer parcelar aquilo que os vigilantes conquistaram com muita luta: o
adicional de 30% de risco de vida/periculosidade. Mesmo com tanto dinheiro os
banqueiros veem os vigilantes, aqueles que zelam tanto pelo patrimônio quanto
pela vida de clientes e funcionários – responsáveis por tanto lucro – como um
custo, um gasto desnecessário.
“A postura dos banqueiros é
inadmissível. É falta de responsabilidade social, é descaso com os
trabalhadores, que são fundamentais para garantir a vida das pessoas. É também
desrespeito com os bancários e com os clientes, que são obrigados a conviver
com a insegurança imposta pelos bancos”, denunciou Wiedekehr.
“Nosso compromisso é com o trabalhador.
Estão tentando roubar os trabalhadores de todas as formas. O líder da bancada
patronal e presidente da Fenavist, Odair Conceição, é responsável por grandes
calotes. Já a Febraban, mesmo com lucros astronômicos, insistem em ignorar a
necessidade de investir em
segurança. Vamos continuar lutando até avançarmos em mais
esse ponto”, garantiu Boaventura.
Como funciona o
processo de regulamentação
A tarefa do GTT é produzir um texto
para atualizar a Norma Regulamentadora (NR) nº 16, onde está previsto o
adicional de periculosidade, conforme a lei. O prazo é de até 120 dias, que
podem ser prorrogados por mais 60, caso seja necessário para concluir as
negociações e apresentar a proposta de regulamentação à Comissão Tripartite
Paritária Permanente (CTPP).
Após a aprovação em reunião ordinária
da CTPP, a formulação da NR será publicada pelo ministro do Trabalho e Emprego
no Diário Oficial da União, tornando-se, assim, um texto legal, de observância
obrigatória por parte de todos os setores econômicos.
Quem representa os
trabalhadores
Além de Boaventura e Ademir, que são
representantes da CUT, também integram a bancada das centrais sindicais: pela
União Geral dos Trabalhadores (UGT), Adriano Linhares, presidente do Sindicato
dos Vigilantes de Petrópolis; pela Nova Central (NCST), Fernando Bandeira,
presidente da Federação dos Vigilantes no Estado do Rio de Janeiro; e pela
Força Sindical, Pedro Araújo, presidente da Federação dos Vigilantes do Estado
de São Paulo.
Fonte: CNTV
"é
preciso que cada vigilante continue participando de
forma ativa , Mandando mensagens e e-mail ao ministro
do Trabalho, deputados, à presidente Dilma,
denunciando as manobras indecentes dos patrões e pedindo a regulamentação
rápida e honesta da periculosidade."